sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Do Medo

Há aqueles que dizem que o medo protege... nos permite evitar certas situações perigosas, de risco.
Tudo bem, talvez esse lado do medo exista e seja importante em algumas ocasiões... mas acredito que, na maior parte das vezes, deve ser algo a ser combatido.
Se tenho medo de avião e não enfrento o risco de um acidente, não posso experienciar o prazer de conhecer novos lugares, novas pessoas, novos caminhos, novas belezas...
Se tenho medo da velocidade e não acelero, não posso experienciar o prazer do vento batendo contra o rosto e a incrível sensação de liberdade que ela dá...
Se tenho medo de amar e não enfrento o medo de sofrer, antevendo uma possibilidade futura, não vivo a beleza de compartilhar com o ser amado a experiência da ausência de referência temporal. Amando, o passado parece não existir, pois a sensação é de ter nascido ontem já com aquela garota ao lado e o futuro parece não fazer sentido, porque a eternidade é o que conta.
Se o medo protege, ele também é um impeditivo... impede que vejamos muitas vezes a potência da vida.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Da caducidade das coisas

Pra começar com uma piadinha pronta e tentar levantar o astral desse blog, ao menos um pouco:
Tudo na vida é passageiro, exceto o cobrador e o motorista!
Ok. Volta a seriedade...

Tudo na vida é perecível, tem seu prazo. Em minhas aulas, costumo dizer aos alunos que na História nada acontece por acaso... o acaso até tem seu poder, mas ele vem ligado a uma falta de validade. As coisas simplesmente se caducificam e tendem para a mudança.

E há algum tempo que procuro entender as formas de amar da sociedade contemporânea... e acho que estamos em um momento de transição entre o moderno e o tradicional. De uma forma bem superficial, seria uma década de 1920 do amor. O amor romântico, invenção burguesa da era das luzes, chega a nossa sociedade e se conflitua com outros valores que hoje não abrimos mão, e termina tornando-se mercado, um produto a mais na sociedade de consumo.

Hoje entramos da "Era das Sensações", sem memórias e sem História. Nada nos parece mais bizarro e tedioso do que aventuras sem orgasmos e sofrimentos sem remédio à vista. Nunca o consumo de alucinógenos ou alteradores de consciência, lícitos ou não, foi tão alto. Aprendemos a gozar com o fútil e o passageiro e todo "além do princípio do prazer" é só um vício de linguagem ou da inércia dos costumes. Em suma, vivemos numa moral dupla: de um lado, a sedução das sensações, o desejo de buscar um fogo ardente e fodam-se os compromissos, de outro, a saudade dos sentimentos, e o desejo de retorno à segurança. Queremos um amor imortal e com data de validade marcada: eis sua incontornável antinomia e sua moderna vicissitude!

Me impressiono cada vez mais com a facilidade com que as novas gerações superam as desilusões... isso é bom? Eu diria que sim, não fossem as circunstâncias... Há um desapego tremendo com aquilo que nos torna sujeito... abre-se mão do passado como quem abre mão de um chiclete mastigado. E pensar que eu, para jogar um simples bilhete de viagem preciso de um grande esforço de desapego... Não é o valor que tem o papel, mas é o valor imprescindível do tempo que ele me remonta... da memória! Cada vez mais os bits e bytes nos fazem abrir mão de nossa própria memória...

É uma pena. Posso ser apenas mais um conservador dentro de uma nova modernidade... mas, nessas horas, aprendo com as lições da História: a ausência de memória, é a ausência de futuro!




Boa parte dessas idéias não são minhas... apenas coaduno com elas. São do livro Sem Fraude nem favor - estudos sobre o amor romântico - de Jurandir Freire Costa.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mais Alexander Supertramp...

mais um pouco de Na Natureza Selvagem.... dessa vez extraído do livro...

"Gostaria de repetir o conselho que lhe dei antes: você deveria promover uma mudança radical em seu estilo de vida e fazer corajosamente coisas em que talvez nunca tenha pensado, ou que fosse hesitante demais para tentar.
Tanta gente vive em circunstâncias infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito do homem que um futuro seguro.
A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências [..]
Você está errado se acha que a alegria emana somente ou principalmente das relações humanas. Deus a distribuiu em toda a nossa volta. Está em tudo ou em qualquer coisa que possamos experimentar. Só temos de ter a coragem de dar as costas para nosso estilo de vida habitual e nos comprometer com um modo de vida não-convencional.
O que quero dizer é que você não precisa de mim ou de qualquer outra pessoa para pôr esse novo tipo de luz em sua vida. Ele está simplesmente esperando que você o pegue e tudo que tem a fazer é estender os braços. A única pessoa com quem você está lutando é com você mesmo [..]
Espero que na próxima vez que eu o encontrar você seja um homem novo, com uma grande quantidade de novas experiências na bagagem. Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça. Simplesmente saia e faça. Você ficará muito, muito contente por ter feito."
(carta de Chris McCandless para Ron Franz)

domingo, 16 de maio de 2010

Mais Halsey...

Cada vez que me deparo com um novo desenho do Halsey eu fico mais fascinado.
Esses dias estive revendo o filme Lost in Translation e cada cena me lembrava um desenho.
Na vida nos deparamos com muitos encontros, por vezes intensos, mas fugazes... que logo resultam em desencontros. E nisso consiste o viver... ficam os dedos, fica a memória... e a alegria do próximo encontro!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Feriadão...

planos para o feriadão de 3 de junho... fiz alguns, mas to vendo eles irem pelas cucuias...
Alguém tem alguma idéia e sugestão, por favor?
Única exigência: sair da rotina...

Tempo de travessia...

Resistir à transformação nos impede tocar no que há de mais profundo em nós. Mesmo que seja sob pressão, é preciso mergulhar nas mais obscuras cavernas da alma para despertar o que está adormecido. É tempo de mudar

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um dia....

Um dia a gente cansa
Cansa de correr
Correr atrás de certas coisas, certas pessoas, certos desejos
Cansa de esperar
Esperar resultados, esperar o destino, esperar uma ligação
Cansa de enigmas
Aquela intenção escondida, aquela indireta, aquele gesto incerto
Cansa de acreditar
Acreditar em contos de fadas, acreditar em uma mudança, acreditar nas pessoas
Cansa de ter medo
Medo do novo, medo do incerto, medo de correr riscos
Um dia a gente simplesmente cansa...
Nesse dia, queremos, mas nao esperamos, que corram atrás de nós, que os desejos e o destino batam a nossa porta, que os contos de fadas se mostrem reais ou se explodam de uma vez por todas, que o medo nos desafie.

Um dia também cansamos de estar cansados..
E chega a hora em que dizemos basta... e voltamos a fazer tudo outra vez.


"Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
quem diz que me entende, nunca quis saber"




quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lugar Comum...

Alguns poetas às vezes me parecem um lugar comum... são citados por muitos, que muitas vezes viram o poema em um lugar qualquer do cyber espaço... E eu faço parte desses leitores desconexos por vezes.


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer nossos caminhos
Que levam sempre aos mesmos lugares...

É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado, para sempre,
À margem de nós mesmos...

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

dá medo...

essas coisas de astrologia dá medo as vezes... resolvi de novo ver a tal da Vênus em meu mapa astral e investigar mais a fundo... achei a perfeita descrição da minha pessoa... já vi que somos seres determinados mesmo... rsrs

VÊNUS EM AQUÁRIO: Alguém que tem Vênus em Aquário acredita que o amor significa liberdade e amizade antes de mais nada. Sincera nos relacionamentos, acredita que quando se ama verdadeiramente alguém deve saber respeitar a individualidade, não demonstrando ciúme e nem possessividade, atitudes que ela despreza profundamente. A pessoa com essa Vênus pode amar alguém diferente, de outra classe social e até de outra cultura, pois se sente estimulada ao desafiar o ‘status quo’, a sociedade tradicional. Rompendo com os padrões, busca amores difíceis e pouco convencionais, conseguindo amar à distância e até mesmo sem sexo! Não que ela não ame o sexo, mas procura intelectualizá-lo, racionalizá-lo, analisá-lo demais. Avessa aos arroubos das paixões, pode romper bruscamente os relacionamentos que procuram cercear sua liberdade. O amor aquariano é o amor de Philia, o amor ‘companheiro’.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

engraçado como introjetamos algumas coisas e nem percebemos...
hoje senti uma paz de espírito que há muito não sentia ao ouvir uma música na rádio.... depois parei para pensar na letra... e era exatamente tudo aquilo que eu sentia...
aqui vai a letra... (para musica http://www.youtube.com/watch?v=HIRGNzVIz6Y)

Know it sounds funny

But, I just can't stand the pain
Girl, I'm leaving you tomorrow
Seems to me girl
You know I've done all I can
You see I begged, stole and I borrowed! (Yeah)

Ooh, that's why I am easy
I'm easy like sunday morning
That's why I'm easy
I'm easy like sunday morning

Why in the world would anybody put chains on me
I've paid my dues to make it
Everybody wants me to be
What they want me to be
I'm not happy when I try to fake it! No!

Ooh, that's why I am easy
I'm easy like sunday morning
That's why I'm easy
I'm easy like sunday morning

I wanna be high, so high
I wanna be free to know
The things I do are right
I wanna be free
Just me! Whoa, oh! Babe!

That's why I am easy
I'm easy like sunday morning, yeah
That's why I'm easy
I'm easy like sunday morning, whoa
'cause I'm easy
easy like sunday morning, yeah
'cause I'm easy
easy like sunday morning

domingo, 11 de abril de 2010

"...Ai, palavras, que estranha potência a vossa..."

Algumas pessoas dizem que palavras são só palavras... bem, isso pode ser verdade para alguns, a quem as palavras parecem nunca atingir... arriscaria alguns palpites do porquê, mas não vem ao caso.
O fato é que em mim elas sempre marcam... e muito. E mais uma vez escutei algo (e não poderia ter tido origem diferente da que teve), que me trouxe ao menos um pouco que seja de tranquilidade diante da confusão e do medo que descrevi abaixo sobre o movimento de luta contra a inércia: o medo da mudança, da perda...
"não quero ser a única opção... eu quero ser uma escolha entre várias possibilidades que a liberdade dá"
É isso... não posso sentir medo da liberdade dos outros. Não posso aprisionar a minha própria liberdade por medo.
Sim, eu quero ser uma escolha consciente... uma escolha por quem eu sou de fato, com meus defeitos, meu amor sincero. Não quero ser o possuidor de um passarinho na gaiola, que canta para mim por estar preso...
Viva a vida, viva a liberdade e viva a livre escolha. Se, no tempo certo, essa escolha ainda recair em mim, a inércia terá sido vencida, os medos superados, a felicidade recobrada e outra inércia instalada. É o que espero...

Contos de fadas...

Desde Shakespeare que os contos infantis, as telenovelas e os filmes água com açúcar seguem a mesma receita: há o primeiro contato, na maior parte das vezes apenas uma conversa rápida ou um olhar. Depois há a aproximação e o início de uma relação amorosa intensa, cheia de paixão. Mas aí acontece algo que interrompe aquela relação... faz com que aquela paixão seja proibida, indesejada... impossível. Mas a obstinação e o amor sempre superam, e aí há o reencontro. E aqui a receita shakespeariana é mudada... e vivem felizes para sempre.
A vida imita a arte e a arte imita a vida... e dessa vez, apenas dessa vez, eu gostaria que a vida imitasse a arte menor, a arte comercial dos contos de fadas...
Bem que eu sempre disse que o discurso do romântico me conquistou ainda criança...

Inércia e Medo

Maldita inércia. É impressionante como sair do estado de movimento atual ou mesmo da ausência de movimento é doloroso, sofrido, angustiante. Tanto quanto na matéria, no cotidiano de nossas vidas essa mudança requer dispêndio energético. É preciso investimento. Mas o medo sempre acompanha... o medo do devir... o medo da perda... e a insegurança da novidade... por pior que seja uma situação, se já a conhecemos é mais fácil de lidar. Aprender também dói... É, viver não é fácil...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Felicidade e essência...

Frase do século (claro, tinha que vir de um jornalista!): "A felicidade é uma invenção humana. Ela não estava nos planos da Natureza". Sensacional!!!
Acho que nem precisava comentar, mas me sinto na obrigação. Isso só faz confirmar minhas suspeitas da postagem anterior... ou a evolução humana é uma grande farsa ou os jornalistas são realmente uma raça a parte...
Quem sabe um dia eu consigo ganhar dinheiro falando o óbvio e ainda posar de intelectual...
Pensando bem, nem quero mesmo!

Da Sapiência e Primitividade...

O homem acha-se no direito de autoproclamar-se sapiens e, não contente com uma sapiência só, diz-se ainda Sapiens Sapiens. No entanto, cada vez mais me convenço de que pouco adiantou tanta sabedoria se ainda o que o regula são os instintos mais primitivos... sua animalidade. Em uma rápida olhada numa banca de jornal e lá está a chamada da semana da importantíssima revista Men's Health: Transe mais no Verão. Ao lado, a chamada da Women's Health: Barriga Chapada e Sexy e Sexo na potência máxima - Dicas para você colocar em prática agora. Sensacional. Os homens inventam maravilhas eletrônicas, carros superluxuosos, bebidas as mais diversas, mas tudo para tentar inovar na forma de conquistar o sexo oposto e conseguir o que queria: SEXO. As mulheres só precisam ficar em forma (ok, a estética é uma invenção humana!) e conseguir SEXO. Perfeito! E depois reclamam dos pássaros, que, desde que existem, limitam-se a cantar para conseguir acasalamento...
É... talvez eu esteja sendo radical e essa seja uma característica apenas de uma raça Sapiens a parte: os jornalistas...